terça-feira, 18 de outubro de 2011

Lugar Indeterminado, desenhos e gravuras na Elf Galeria

Mãe, carvão sobre papel

a perda . a memória . o espanto

Por Armando Sobral 
A paisagem e o tempo permeiam esta série de gravuras e desenhos, imagens recolhidas ao longo de anos em que as perdas, a memória e o espanto deixaram seus sinais.
A motivação em reunir esses trabalhos partiu, por mais estranho que possa parecer, da experiência com a fotografia: o flagrante de uma chuva torrencial sobre a baía, quando retornava de Soure em um momento de perda profunda. Lembro que fiz a foto em 98 e, a partir de 2002, comecei a desenhar esta mesma imagem inúmeras vezes - um circunlóquio interminável. Porque registrei aquele momento é uma resposta que não alcanço; simplesmente a vontade de recordar me leva continuamente a essas representações. Talvez seja a chuva mais intensa e demorada que tive e que, certamente, terei; então, decidi dar o titulo de “Mãe” a essa água que não cessa.
Anos antes, em 2005, tinha levado alguns desenhos pequenos da tal fotografia para fazer litografias em uma residência artística que participei na cidade de Amsterdam. Notei que as planícies e o céu baixo daquele país europeu eram muito parecidos com os de Belém, e determinei como junção desses dois lugares a tênue linha imaginária do horizonte. Belém / Amsterdam é esse desejo onde todos os lugares são possíveis e só em Borges eles se consumam.
 Na estrada que aproxima Marabá de Parauapebas não há flores - o que em outras palavras desejo dizer, não encontrei esperança. Resolvi eu mesmo criar um jardim de flores contaminadas pela cobiça e referir-me àquela paisagem como o avesso da utopia, como metáfora de uma beleza doentia.
A representação tem o seu próprio sistema e mundo à parte. De concreto, somente esses sinais - ainda que confusos e fragmentados.

Aguardo vocês na Elf Galeria neste sábado, dia 22 de outubro, às 11h00.
A exposição fica até 30 de novembro.